De acordo com o primeiro estudo nacional realizado pela Fiocruz juntamente com a Universidade de Harvard, os casos de suicídio entre a população indígena, têm sido alarmantes. O estudo avaliou taxas de suicídio durante o período de 2000 a 2020 e mostrou um risco desproporcionalmente maior em indígenas, principalmente naqueles de 10 a 24 anos. As maiores taxas de suicídio estão principalmente nos estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul.
Segundo o Censo do IBGE, são 116 mil povos indígenas de oito etnias, sendo o terceiro estado com a maior população indígena do país. As possíveis causas para esses dados são o apagamento da cultura indígena, violência, discriminação e as dificuldades no mercado de trabalho e também conflitos territoriais. As análises foram efetuadas a partir do banco de dados oficial de mortalidade do Ministério da Saúde do Brasil.
Segundo o Subsecretário de Políticas Públicas para os Povos Originários, ligado a Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), Fernando Souza, às altas taxas de suicídio dentro das aldeias do Mato Grosso do Sul, se tratam de um caso de saúde pública, ele explica os possíveis fatores.
“São um conjunto de fatores, eu sou indígena, vivo na comunidade, convivo com esse público e tenho dialogado muito com crianças e jovens e muitos deles não tem mais sonhos. É uma faixa etária muito difícil a passagem da criança para adolescência e da adolescência para a juventude. Na comunidade indígena é um pouco mais grave pela falta de acesso às políticas públicas que promovam a dignidade”, frisa.
Fernando Souza, relata que é necessário a fomentação de políticas públicas, no esporte, cultura, educação, cidadania, saúde pública, estrutura, áreas importantes para o desenvolvimento principalmente das crianças dentro das aldeias. Ele ressalta que muitas crianças indígenas em idade escolar, ainda estão fora das escolas, e que esse é um dos fatores significativos para altas taxas mencionadas.
“Quando citamos a construção de políticas públicas, entra a transversalidade da nossa pasta, articulando com outros órgãos de dentro do governo e sociedade, a fim de executar ações que cheguem até quem mais precisa”, finaliza.
Valorização da Cultura Indígena
Segundo o Subsecretário, é essencial a valorização da cultura indígena, para a promoção da autoindentificação, e a afirmação da identidade indígena. A identidade cultural é importante para que os povos indígenas se sintam orgulhosos de serem quem são.
“Eu sou indígena terena e reafirmo isso em todos os lugares e espaços, me sinto muito orgulhoso de ser indígena apesar de todos os desafios, do preconceito e discriminação. Eu ergo a cabeça e enfrento cada desafio dia após dia. O meu desejo é que todos os indígenas consigam também fazer isso”, ressalta.
Tenha acesso a pesquisa completa aqui.
Texto: Bel Manvailer, Setescc
Foto: Divulgação