Campo Grande (MS) – A Subsecretaria Estadual de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM) realizou na quarta-feira (15.07) e nesta quinta-feira (16.07), o Seminário Virtual “Transformando a Política: Mulheres no Poder. + Mulheres na Política + Políticas para Mulheres”. O evento foi transmitido online pela rede social Facebook, por meio da página da SPPM e por meio da plataforma ZOOM.
Mediadora do Seminário a Subsecretária Estadual de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja, destacou a importância da discussão do tema. “Esse seminário foi feito e pensado para as nossas pré-candidatas. O que nós queremos enquanto Governo do Estado, como a pasta que articula as políticas públicas para as mulheres é pautar essa discussão, falar da importância da mulher nos espaços de poder, da violência política de gênero, incentivar as candidatas femininas. Nós precisamos falar sobre essa nova forma de fazer campanha defendendo os temas prioritários que interessam a nós mulheres que somos 52% da população. E precisamos também discutir os aspectos práticos, teóricos e jurídicos da legislação eleitoral e aqui na perspectiva de gênero”, explica.
O evento teve início na quarta-feira com a palestra do advogado pós-doutor e vice-diretor da Escola Judiciária Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral, Daniel Castro, que abordou o tema “Eleições em tempos de pandemia”, explicando como a justiça eleitoral implementou mecanismos para possibilitar que as eleições ocorressem. O advogado também ressaltou a importância de debatermos a participação das mulheres. “Eventos como esse são muito importantes para fomentar a participação feminina na política. Uma vez que as mulheres são a maioria, são competentes e tem plena condições de gerirem e de estar em cargos públicos”.
Dando sequência ao evento a ex-senadora Marisa Serrano, falou sobre “Mulheres na política: desafios e superação”. Levantando questões como por exemplo, quais mecanismos que devem ser usados para fazer com que as mulheres participem da política, uma vez que se destacam como líderes comunitárias, líderes da igreja, líderes em seus trabalhos, e resumiu sua fala com a seguinte frase: “A participação da mulher na política é uma questão se cidadania, de sobrevivência”.
Com o tema “O protagonismo da mulher na política: como fazer a diferença”, a Deputada Federal Bia Cavassa contou sua trajetória até a Câmara Federal, falou sobre os desafios, as dificuldades encontradas ao longo do caminho. “A princípio eu achei que me candidatar seria muito difícil, mas vi que não era impossível e hoje estou na Câmara Federal representando meu Estado”, explicou.
Segundo dados apresentados pela Procuradora do Estado, Ludmila Russi, “apesar das mulheres terem uma expressão quantitativa superior aos homens, elas alcançam menos de 15% dos cargos eletivos no país. E o Brasil ocupa a posição 140º no quesito representatividade feminina no parlamento, isso em uma pesquisa realizada pela ONU considerando 193 países”.
Em sua explanação da Desembargadora Elizabete Anache, esclareceu que “discutir a representatividade feminina, não é um assunto de mulher, nem mesmo de relação de gênero, mas sim uma oportunidade que nós temos de decidir que tipo de sociedade que nós queremos. Se nós queremos uma sociedade inclusiva, uma sociedade que preserve a igualdade ou se nós queremos continuar esses estereótipos que nós já conhecemos”.
Finalizando o primeiro dia de evento a ativista e ex-secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Silvia Rita, apresentou as oportunidades para as mulheres nas eleições deste ano. “Esse ano nós teremos um cenário muito diferente nas eleições que é o cenário digital. A rede social se transformou na nossa janela para o mundo ampliando a nossa forma de comunicação. E as mulheres tem esse poder de comunicação, de interação. Esse é o ano das mulheres”.
Abrindo as discussões do seminário nesta quinta-feira (16.07) a Procuradora de Justiça do Ministério Público Estadual, Jaceguara Dantas, fez um breve relato da conquista do voto feminino e sua importância e assegurou, “esse direito não nos foi dado, ele foi conquistado. Efetivamente muitas mulheres morreram, perderam suas liberdades, fizeram greve de fome e perderam seus empregos, então o que nós usufruímos hoje é fruto de uma conquista das mulheres e não de uma concessão de um direito”.
Na sequência a Senadora Simone Tebet, abordou a participação das mulheres na política como caminho para a efetivação da democracia e afirmou estar esperançosa para a eleição desse ano no que tange a participação das mulheres. “Para essa eleição de 2020 eu estou muito esperançosa, a história da mulher na política tem tudo a ver com o tema desse seminário, para que nós possamos transformar o Brasil. A mulher quando assumi um cargo público ela vai para a política não porque ela quer o poder, mas vai para política pelo servir”.
Outro tema abordado no seminário foi a violência política de gênero que repete situações vividas historicamente por mulheres como a desqualificação moral, depreciação, uso de estereótipos, piadas e a falta de igualdade de oportunidades. “É uma violência que infelizmente acontece de uma foram tão sutil que muitas mulheres não conhecem nem o tema, porém ela está presente em todo os espaços de poder do nosso país. Ela não está relacionada a questão ideológica, ela está ligada a questão de gênero porque tem uma mulher ali se colocando candidata”, explicou a Deputada Federal Rose Modesto.
A advogada Ana Arminda dos Santos aproveitou a oportunidade para deixar um alerta para as pré-candidatas. “Conheçam o estatuto do seu partido, saibam quem são os dirigentes do seu partido, vá até o partido, descubra quem pode ter ou não a decisão de validar a sua candidatura, e cobre o seu espaço, a sua chance de disputar. É o momento de as mulheres ficarem atenta a todas as legislações eleitorais que vem garantindo seus direitos”.
O evento foi finalizado com a palestra do Desembargador do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, Alexandre Bastos, que explanou sobre o papel do executivo municipal e gestão responsável, e reforçou a importância da formação cidadã e política para as mulheres, para difusão de informações. “Me chama atenção para quem vai disputar as eleições nos municípios para questões muitos básicas, talvez as mulheres pouco conhecem o que é a estrutura constitucional que regula o município, quais as atribuições do município, do poder legislativo, do que é feito o cofre da receita municipal, que tipo de conduta é importante enquanto política para que meu município tenha mais receita. Esse conhecimento pode fazer com que as mulheres saiam para a disputa. E eu não medo de dizer isso, as mulheres vão qualificar a disputa, porque aonde eu já testemunhei a presença delas em diversos espaços a preocupação com a qualidade do que se fala, a qualidade do que se defende é de muita responsabilidade”, finalizou.
O seminário teve a participação de gestoras municipais de políticas públicas para mulheres, representantes de setoriais de 14 partidos políticos de 30 municípios, além da vereadora Anny Espínola de Ponta Porã, presidente do Parlamento Feminino da Fronteira, criado com o objetivo de trabalhar no desenvolvimento de políticas públicas em defesa das mulheres vítimas de violência no âmbito do MS Fronteiras, e sociedade civil.
Todas as palestras do seminário Virtual “Transformando a Política: Mulheres no Poder. + Mulheres na Política + Políticas para Mulheres”, estão disponíveis na página do Facebook da SPPM – https://www.facebook.com/SubsMulheres, até o momento da postagem desta matéria o conteúdo do seminário alcançou mais de 10 mil pessoas.