Campo Grande (MS) – A Semana da Conscientização do Autismo encerrou suas atividades neste fim de semana em Campo Grande, Corumbá, Ribas do Rio Pardo e Aquidauana, com o 1º Passeio Ciclístico e Caminhada em Prol das Pessoas Autistas. Na Capital o enceramento foi neste domingo (7.4), nos altos da Avenida Afonso Pena, em frente ao Parque das Nações Indígenas, com atrações e brincadeiras disponibilizadas com apoio do Governo do Estado e da prefeitura.
Defendendo a inclusão em primeiro lugar, o professor Deyvid Michel Oliveira de Jesus, pai de uma menina autista, foi quem deu a largada no passeio ciclístico: “Já está na hora da inclusão começar a ser vista como um princípio, as pessoas e a sociedade tratam como uma obrigação ou favor. Assim como ser educado é um princípio, a inclusão tem que ser em comum para todos, inclusão é lei”, defendeu. Ele conta que no ano passado sua filha de 7 anos não foi aceita em uma escola de natação por ser autista.
Logo atrás das bicicletas, mães, pais, parentes e amigos iniciaram a Caminhada em Prol da Conscientização do Autismo. À frente da largada, a presidente da Associação de Pais e Responsáveis pelas pessoas com Deficiência e Transtorno do Espectro Autista de Mato Grosso do Sul (PRODTEA-MS), Carolina Spínola Alves Corrêa, agradeceu aos envolvidos mas deixou seu recado: “Estamos muito felizes com esse evento, é a concretização de um sonho. Porém mais do que um encontro, queremos a conscientização da sociedade a respeito da realidade desse grupo de pessoas e seu pleno convívio social. Temos hoje mais de 250 famílias participando das reuniões e ações da associação. Reforçamos a atenção do poder público, precisamos conquistar atendimentos clínicos e educacionais de qualidade para pessoas com deficiência”, alertou Carolina que é mãe de gêmeos autistas.
Durante a caminhada, uma senhora que andava pela região parou um dos participantes para obter mais informações. Segundo ela, seu filho foi diagnosticado com autismo há pouco tempo e não sabia ainda o que fazer. Naquele momento ela recebeu orientação adequada e foi adicionada no grupo de WhatsApp da instituição. “Descobri há apenas três semanas o diagnóstico dizendo que meu filho é autista. Foi uma surpresa para mim. Comecei a pesquisar e vi uma reportagem dizendo que haveria uma caminhada. Cheguei aqui e já fui bem recebida por outras mães, agora quero entrar no grupo para saber mais e também ajudar”, contou a recepcionista Sara Onori.
Conscientizar é preciso
O autismo é uma síndrome neuropsiquiátrica que atinge aproximadamente dois milhões de pessoas no Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), atingindo mais crianças que o câncer e a Aids. Reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas por ela é um dos objetivos principais do movimento, que tem como data mundial o dia 2 de abril.
Pessoas com Transtorno Espectro Autista (TEA) podem ter dificuldades de aprendizado em diversos estágios da vida. Algumas podem levar uma vida relativamente independente, enquanto outras poderão precisar de apoio especializado ao longo dos anos.
PRODTEA
Com sede em Campo Grande, a Associação Nacional Pais e Responsáveis Organizados pelos direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista foi criada para dar orientações sobre leis, inserção social e defender os direitos reservados as pessoas com a deficiência, transtornos, síndromes, altas habilidades/super dotação, com enfoque no Espectro Autista.
Alexander Onça – Subsecretaria Especial da Cidadania (Secid). Fotos: Gerson Walber (destaque)/ PRODTEA.