“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. A frase de Angela Davis abriu o I Seminário da Igualdade Racial do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), realizado na última quinta-feira (27), no auditório do Tribunal.
No palco, protagonistas negras que compartilharam as próprias vivências, as lutas do movimento negro e a necessidade de construir políticas públicas para a promoção da igualdade racial.
Subsecretária de Estado de Políticas Públicas, Vania Baptista Duarte, palestrou sobre a realidade das “Políticas de Promoção de Igualdade Racial em Mato Grosso do Sul”, trazendo dados e questionamentos.
“Se faz necessária esta política de promoção da igualdade racial no Governo do Estado, no Governo Federal e no Governo Municipal. Quem nós somos? Onde nós estamos? Onde está a população negra em Mato Grosso do Sul? Quantos negros e negras ocupam estas cadeiras? Essas oportunidades são igualitárias para todo mundo e para todos?, levantou Vania.
Na pergunta retórica sobre o que impede as oportunidades serem mais igualitárias, Vania deu a resposta: o racismo. “O racismo, a discriminação racial é algo que viola direitos, e aí que entram as políticas antirracistas com possíveis soluções ao combate da desigualdade social”, completou Vania.
O seminário também contou com a fala da coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro do Mato Grosso do Sul, Romilda Pizani, que pontou a participação e a contribuição dos movimentos na origem das políticas públicas.
“O movimento negro vem com esse entendimento de que nós precisamos reunir mecanismos para contribuir com aqueles que sentem ou não se sentem capazes de caminhar, para que eles possam sim caminhar. A população negra no Brasil é mais de 57%”, mostrou Romilda.
Ao abordar o sistema de cotas, especificamente nos concursos públicos, Romilda ressaltou a importância da permanência deste percentual. “Nós estamos aqui para dizer que o número de pessoas, funcionários públicos dentro dos espaços, dos órgãos públicos, tem sim que aumentar, para caber a população negra que precisa e tem direito a este espaço”.
Servidora pública da Justiça Eleitoral há mais de 15 anos, Andressa da Silva pontua que mais do que números, é preciso que as oportunidades sejam dadas desde a infância. “Começa lá na base, na base cultural, educacional. Enquanto a população negra não tiver uma boa base educacional, dificilmente ela vai ter outras oportunidades”, comenta.
Ao chegar no seminário, Andressa se sentiu extremamente acolhida não só pelo tema, como também pelos expositores que participaram trazendo produtos artesanais que representam a cultura afro.
“Estou extremamente grata. Quando cheguei, uma colega me falou que o evento tinha sido feito pensando em mim, e eu fiquei muito feliz pelo carinho”, ressaltou.
Texto e Fotos: Paula Maciulevicius, Setescc