Acolher demandas e coletar dados, para então trabalhar coletivamente na criação de políticas públicas. Este é o caminho que a Subsecretaria de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência tem seguido e, que norteou o encontro do último dia 30 de maio entre mães com deficiência e mães de pessoas com deficiência.
O auditório do MIS foi palco para a roda de conversa entre representantes de associações, como a Adones (Associação de Doenças Neuromusculares de Mato Grosso do Sul), Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, subsecretários de Cidadania da Setescc, grupos de mães e a primeira-dama do Estado, Mônica Riedel.
Subsecretária de Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência, Telma Nantes de Matos reforçou que está alinhando propostas de trabalho para o fortalecimento das mulheres e que o encontro foi realizado no mês de maio justamente para contemplar as mães.
“Muitas vezes, até este momento, ninguém lembrou das mães com deficiência ou das mães de pessoas que têm deficiência, e o nosso objetivo é abrir este espaço de fala. Ouvir, e dizer para cada uma de vocês que a caminhada é longa, mas nós precisamos estar juntas”, pontuou.
Sempre ressaltando que a acessibilidade é o caminho para a inclusão, Telma lembrou que anos atrás a luta era por legislação, e que hoje as pessoas com deficiência têm a Convenção da ONU e a Lei Brasileira de Inclusão.
“Agora nós reivindicamos políticas públicas, e temos pessoas comprometidas para a efetivação, o fortalecimento da rede de atendimento dentro da saúde, da sociedade civil”, completou Telma.
Subsecretária das Mulheres, Cristiane Sant’Anna parafraseou “nada sobre nós sem nós”, lema que cabe tanto para as mulheres quanto para as pessoas com deficiência, ao dizer que a conversa de políticas públicas precisa incluir aqueles que devem ser alcançados.
“Por mais que eu venha aqui falar de inclusão, o fato de eu não ser uma pessoa com deficiência faz com que eu tenha dificuldade de fazer políticas públicas. Nós fazemos o acolhimento e abrimos o nosso coração para juntos construirmos um caminho de oportunidades e de inclusão”.
Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Tânia Regina Noronha Cunha se apresentou como pessoa com deficiência, mãe, avó e também advogada.
“Nós temos demandas das mães que têm filhos com deficiência para modificar o estatuto dos servidores do Estado, para que estes pais tenham redução da jornada de trabalho”, explicou.
Com o documento em mãos, a presidente entregou à primeira-dama que se comprometeu a passar não só a correspondência como todo o clamor dessas mães ao governador.
“Eu vou entregar e gostaria de falar da importância que têm a organização de vocês, a subsecretarias estão aqui para dar voz, e é desta união que vão vir projetos, números e que vamos conseguir dar visibilidade às ações e projetos que impactam na vida das pessoas”, resumiu Mônica.
Secretária-adjunta de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania, Viviane Luiza compartilhou que ao receber o convite para o encontro fechou os olhos e tentou se colocar no lugar das mães que precisam diariamente lutar pelos direitos dos filhos. “Garanto que por mais que eu tenha feito este exercício, não chega na dificuldade que vocês enfrentam no dia a dia. O Governo de Mato Grosso do Sul tem trabalho muito pensando nas políticas públicas, e para que nós façamos essas políticas sem deixar ninguém para trás, o primeiro passo é ouvir”, destacou Viviane.
Ao abrir a palavra às mães presentes, o encontro abriu espaço para desabafos, lágrimas e palavras de resiliência. Mães vindas até de Rio Verde do Mato Grosso, cidade distante 189 quilômetros da Capital, falaram sobre a peregrinação em busca de tratamento multidisciplinar adequado para crianças com autismo.
Desde médicos neurologistas a profissionais como terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo, e medicações, as mães presentes compartilharam as dores e dificuldades em conseguir as terapias necessárias.
Presidente da Adone/MS (Associação Brasileira de Doenças Neuromusculares de Mato Grosso do Sul), Rosana Martinez lembrou que ela, como mãe de pessoa com deficiência e Telma, como pessoa com deficiência, estão na luta há mais de 20 anos.
“A gente já caminhou muito e a cada governo vem crescendo, e somos nós, como sociedade civil, que devemos estar de braços dados com o poder público para construir políticas públicas e sanar dificuldades”, enfatizou.
Rosana também pontuou a urgência em se fazer um censo das pessoas com deficiência, como a quantidade, o tipo de deficiência, para mapear a partir dos números quais são as demandas comuns.
Para a subsecretária de Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência, Telma Nantes, a reunião ouviu mães, acolheu sugestões e mostrou a importância da pauta. “Está nas nossas propostas fazer um cadastro único junto a Secretaria de Saúde, Educação e Assistência Social. Estamos à disposição de vocês para construirmos juntos esta caminhada”, encerrou.
Paula Maciulevicius, Setescc