Com objetivo de aprofundar a discussão sobre diversos aspectos relacionados à cidadania e à cultura de mulheres indígenas, na tarde da última segunda-feira (02) mulheres indígenas pediram por mais qualidade de vida, educação e saúde nas comunidades, na audiência pública que teve o tema “Direitos e políticas públicas para o bem viver das mulheres indígenas”.
Benilda Kadiwéu, artista e integrante da Subsecretaria de Políticas Públicas para os povos originários, ligada a Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), enfatizou o papel das mulheres indígenas na preservação da cultura, bem como a questão da apropriação cultural da Arte Kadiwéu. “As mulheres desempenham um papel crucial na manutenção da cultura indígena, envolvendo a preservação de técnicas como o tear, trançados, preparação de alimentos e todos os elementos que representam a riqueza cultural dos povos indígenas”, comenta.
Os direitos das mulheres indígenas no estado de Mato Grosso do Sul abrangem uma série de aspectos cruciais que envolvem não apenas a preservação de sua cultura e identidade, mas também a busca por igualdade, justiça e oportunidades em diversas esferas da sociedade.
Durante a audiência pública, Solange Guarani, moradora da aldeia Água Bonita, destacou a luta de Enir Terena e Marta Guarani, que perderam a vida enquanto batalhavam em prol das mulheres indígenas. Elas foram defensoras da demarcação dos territórios indígenas, um aspecto fundamental para os Guarani-Kaiowá.
“Nós não temos nossa terra demarcada, estamos sofrendo com doenças psicológicas, estamos trazendo ainda mais o nosso grito. Nós precisamos nos unir, há décadas estamos batendo na mesma tecla, precisamos dar as mão pra gente poder alcançar o nosso objetivo”, frisa.
Luciana Baltazar, da comunidade Jardim América e pertencente ao povo Terena, professora e mãe de criança com TEA (transtorno do espectro autista), enfatizou a importância da educação inclusiva para pessoas com deficiência, especialmente nas comunidades indígenas.
“É importante falar sobre educação especial, aquela destinada a pessoas com deficiência, posso dizer para vocês que eu participo dos três lados, eu sou mulher indígena e sou mãe de pessoa com deficiência. Meu filho está no transtorno de espectro autista e eu sou professora, então eu conheço a dificuldade dos três lados. É necessário uma formação de qualidade para os professores indígenas, que haja para o professor capacitações práticas”, relata
O acesso a uma educação de qualidade é um direito fundamental a todos. Garantir escolas adequadas, professores qualificados e currículos sensíveis à cultura é essencial para o desenvolvimento das comunidades indígenas.
Ao todo, 21 lideranças indígenas participaram do debate, e dezenas de pessoas acompanharam a sessão presencialmente. A discussão também foi reproduzida pelos perfis oficiais da Câmara no Facebook e YouTube.
Bel Manvailer, Setescc
Foto: Ascom Câmara Municipal de Campo Grande