Campo Grande (MS) – Traçar novas diretrizes e ampliar as parcerias na construção de ações efetivas para o enfrentamento a violência doméstica e familiar contra as mulheres inseridas nos povos tradicionais de matriz africana, são os objetivos do Grupo de Trabalho instituído em reunião realizada em Campo Grande.
A reunião foi conduzida pela técnica da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, Miriam Pereira, que apresentou o Projeto Mulheres de Terreiro e a proposta de criação do grupo de trabalho, uma vez que a violência contra a mulher é um problema social que atinge todas as etnias, religiões, escolaridade e classes sociais.
“O projeto Mulheres de Terreiro vem sendo desenvolvido desde 2018, já fizemos nove atividades e alcançamos 319 pessoas. Nós agradecemos o Governo do Estado que teve a sensibilidade de entender que precisamos de representatividade, que precisamos levar a informação. Nosso projeto capacita os Babalorixás e demais membros do terreiro como agentes multiplicadores no enfrentamento a violência doméstica e familiar, naquela comunidade que a casa está inserida”, explica Miriam.
As oficinas de capacitação serão desenvolvidas de forma transversal, com parceria da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial. De acordo com a Subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Ana José Alves, as redes de apoio são fundamentais para tirar as mulheres em situação de violência do isolamento e do silêncio.
“Saber que não estão sozinhas e poder contar com alguém próximo são sinais importantes para o encorajamento de mulheres que estão sendo alvo da violência de gênero. Pode ser o passo decisivo para que elas quebrem o ciclo da violência e procurem serviços públicos de atenção a mulheres em situação de violência”, afirmou.
Pai Robson Faciroli, do Instituto sociocultural de matriz africana Ilê Axé Taquarussu, conta que o terreiro é procurado por mulheres com várias demandas e a violência doméstica é uma delas. “O nosso objetivo é combater a intolerância. É combater a violência contra a mulher. Violência doméstica tem que ser debatida nas comunidades de terreiro, podemos atuar de forma ativa”, ressalta.
O encontro debateu também o Mapeamento dos Povos Tradicionais de Matriz Africana em Campo Grande e no Estado, uma vez que se faz necessário para a implementação e o norteamento de políticas públicas voltadas à garantia dos patrimônios cultural e religioso dessas comunidades.
“A identificação e visibilidade acerca dessas comunidades fortalecem a luta pela liberdade religiosa, contra o preconceito e a intolerância, através da construção de uma cultura de paz e de respeito”, finaliza Pai Robson.
A Secretária Especial de Cidadania do Estado de Mato Grosso do Sul, Luciana Azambuja, apoiadora do projeto desde a sua implantação, ressalta que “é preciso falar sobre enfrentamento à violência contra a mulher em todos os espaços, sendo também necessário mobilizar mulheres do axé, lideranças e comunidades de religiões de matriz africana, para que possamos todos conhecer e exercer os direitos que nos são inerentes, sem distinção nenhuma por parte de raça, religião ou credo; é preciso combater a violência de gênero, o racismo e a intolerância religiosa, e com a união das nossas subsecretarias da mulher e da igualdade racial, teremos ações efetivas”.
Texto e Foto: Jaqueline Hahn Tente – Secretaria Especial de Cidadania (Secid)