Campo Grande (MS) – Em 2021, a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), desenvolveu ações no setor cultural no âmbito do programa “Retomada MS” que teve o investimento de R$ 76.995.000,00 feito pelo governo do Estado. No âmbito do Patrimônio Cultural, o secretário de infraestrutura Eduardo Riedel ressalta algumas das principais medidas já tomadas pelo Governo do Estado dentro do programa “Retomada MS”. As obras fazem parte do pacote de investimentos lançado pelo governador Reinaldo Azambuja, que só em reformas de locais que fazem parte do patrimônio cultural do Estado chegam a R$ 18,6 milhões. Acompanhe a seguir:
Igreja São Benedito
Com investimentos de 450 mil do Governo do Estado, a Igreja São Benedito da Comunidade Tia Eva vai ser reformada. A escolha da Igreja de São Benedito para receber um projeto de restauro se deu pela sua relevância cultural, evidenciada pelos tombamentos estadual e municipal, bem como de seu atual estado de conservação. Além de ser uma forma de garantia da permanência dos espaços necessários para as manifestações das tradições afro-brasileiras em Mato Grosso do Sul e dos ritos de fé que envolvem a centenária Festa de São Benedito.
O projeto apresentado foi pautado em eixos determinados ainda na primeira etapa de trabalho e que somaram ao objetivo direto de restauração da Igreja e de valorização de sua imagem enquanto objeto central do Centro Cultural Tia Eva. O eixo religioso é o que mais se destaca: trata-se de uma Igreja em homenagem a um santo de devoção, São Benedito, de cunho cristão, templo onde são realizadas novenas semanais e tem papel importante nas manifestações ligadas a centenária Festa de São Benedito.
O espaço interno da Igreja será restaurado e proposto um novo altar para abrigar e evidenciar a estatueta de São Benedito, em madeira, trazida de Goiás por Tia Eva em 1905. O espaço interno da Igreja é destinado para a realização das novenas e também como memorial, que contará com sistema de áudio, que possibilitará que o visitante ouça as histórias sobre a Igrejinha em homenagem a São Benedito, sobre a Tia Eva e sobre a Comunidade Quilombola.
O eixo cultural foi pensado em consonância com as dinâmicas atuais da Comunidade, sendo assim, foram requalificados os espaços que servem de extensão da Igreja de São Benedito para a realização dos festejos centenários em homenagem ao santo, geralmente nos meses de maio, assim como servem de apoio para as diversas manifestações culturais que são realizadas nas dependências do Centro de Difusão da Cultura Afro Brasileira.
O eixo do turismo foi potencializado com a criação de um espaço para abrigar um Centro de Atendimento ao Turista (CAT), de forma a ser gerido em conjunto com a Comunidade, principalmente para o desenvolvimento do turismo de base comunitária e venda de produtos artesanais locais. O eixo educacional se pauta na criação de uma sala para abrigar o Telecentro, programa de educação digital ofertado pela Comunidade, além de abrigar materiais de pesquisa sobre a Tia Eva, sua Igreja e sua Comunidade.
A Educação patrimonial poderá ser realizada também com a interpretação do patrimônio por meio de placas informativas em pontos estratégicos para que o visitante possa conhecer a história do local e de seus personagens. O eixo do lazer se apresenta por meio da proposta de criação de uma pequena praça que integra a Igreja de São Benedito e o seu entorno. A proposta cria o “canto do sagrado” que abriga o Busto da Tia Eva e o Cruzeiro, como um convite e recepção ao Centro Cultural; a Praça Cultural com áreas sombreadas, bancos e espaços para feiras e manifestações culturais, como rodas de capoeira; escadarias que podem ser utilizadas como pequenas arquibancadas; instalação do novo campanário, como forma de evidenciar o sino já existente; Acessibilidade; Iluminação e Paisagismo afetivo, com a presença de Arruda, Espada de São Jorge e destaque para o pé de Mangueira.
A igreja da Comunidade Tia Eva foi fundada pela ex-escravizada Eva Maria de Jesus, em 1919, como promessa após ser curada de uma grave doença. Em 26 de abril de 2008, a Fundação Cultural Palmares concedeu a Certidão de Autodefinição como Comunidade Remanescente de Quilombos aos descendentes de Tia Eva que abrigam o local desde 1905. Em 1996, a igreja foi tombada pelo município. No dia 5 de maio de 1998, a Igrejinha de São Benedito recebeu o tombamento definitivo como parte do Patrimônio Histórico de Mato Grosso do Sul.
Castelinho de Ponta Porã
Outra obra prevista é a reforma do Castelinho, que fica em Ponta Porã. O investimento previsto é de R$ 4 milhões. Construído na década de 20, o prédio já foi a sede do governo na fronteira e a expectativa é que seja transformado em um museu para contar a história da cidade e do Estado.
Sua construção ocorreu de 1926 até 1930, próximo a antiga estação Noroeste do Brasil, em Ponta Porã. De 1943 a 1946 foi sede do governo do Território de Ponta Porã, e depois abrigou a cadeia pública e o quartel da Polícia Militar.
Já na década de 90 deixou de servir a segurança pública, com a transferência da corporação para outro prédio, perdendo assim sua função. Esta restauração proposta pelo Governo do Estado visa justamente dar um “novo caminho” para este local que faz parte da história.
Museu de Arte Contemporânea de MS e Concha Acústica Helena Meirelles
Com a intenção de fomentar e melhorar a estrutura de espaços culturais, o governo do Estado reformou o Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul) e a Concha Acústica Helena Meirelles, em estruturas que ficam dentro do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande. Ao todo os investimentos nas duas obras chegam a R$ 300 mil.
A reforma do Marco teve um investimento de R$ 130 mil para pintura do local e R$ 56.720,00 na troca do telhado, que precisava de reparação. O Museu conta com uma área construída de 4000 m², e dispõe de 5 salas de exposição, sendo uma com mostra permanente de obras de seu acervo, já as outras são temporárias que compõe a programação anual do espaço.
Concha Acústica Helena Meirelles
Inaugurada em 2004, a Concha Acústica Helena Meirelles é um espaço que já caiu nas graças da população e tem um público cativo nos eventos e apresentações no Parque das Nações Indígenas. O local vai receber uma reforma no seu espaço externo, no valor de R$ 120 mil. A reforma terá como foco a área externa, com melhorias na arquibancada, palco e na retirada dos grids do palco e pintura destes espaços.
Casa do Artesão de Campo Grande
Para valorizar a história e resgatar a cultura do Estado, a reforma e restauração da Casa do Artesão, em Campo Grande, segue em pleno vapor. A obra orçada em R$ 2,2 milhões faz parte do programa “Retomada MS”, lançado pelo governador Reinaldo Azambuja no 1° semestre de 2021.
A obra de restauração começou em 3 de novembro, tendo a expectativa de ficar pronta em 1 ano. Em janeiro começou a restauração da fachada e da parte de dentro”, explicou a arquiteta da Fundação Estadual de Cultura, Cláudia La Picirelli de Arruda. Ela descreveu que será feita toda reforma hidráulica e elétrica do local, assim como o contrapiso, reboco e do próprio local onde fica o famoso cofre, uma das marcas históricas da Casa do Artesão. “O subsolo onde fica o tradicional cofre do antigo Banco do Brasil também será restaurado. O piso histórico da casa vai ser mantido e o espaço ficará mais acessível e agradável para receber os turistas e população”, disse.
A reforma completa visa resgatar a memória histórica da cidade e assim respeitar o projeto original do prédio. O local vai receber a readequação dos espaços para ficar mais ágil e preparado para receber os visitantes, tendo a copa para funcionários, estoque, almoxarifado e lavanderia separados.
O espaço vai contar com um pequeno café na área externa do pavimento térreo, que ainda vai dispor de um pequeno jardim. Já a cobertura terá as telhas francesas removidas, para o reuso do telhado principal. O prédio contará com laje para abrigar os aparelhos de ar condicionado, que não ficarão aparentes para os visitantes.
Entre outras mudanças no espaço está a readequação da escada para atender as normas de acessibilidade, dispondo de um novo guarda corpo em aço corten. Também faz parte do projeto a instalação de um elevador de acessibilidade, assim como requalificação das calçadas.
Os espaços expositivos internos receberão um novo layout setorial e organizacional através de mobiliário projetado para atender as necessidades. As janelas das fachadas passarão a abrigar móveis que as transformam em vitrine, com a intenção de trazer o olhar do público que passa pela calçada para exposição dos objetos e para o interior do prédio.
Centro Cultural José Otávio Guizzo e Teatro Aracy Balabanian
Para resgatar história e valorizar os artistas sul-mato-grossenses, o governo do Estado vai reformar o Centro Cultural José Otávio Guizzo e o Teatro Aracy Balabanian. O investimento será de R$ 5,5 milhões em um espaço que conta a cultura do Estado desde 1984, quando foi inaugurado.
A reforma vai abranger o Teatro Aracy Balabanian, assim como as galerias e salas multiuso que são usadas para diversas atividades artísticas. A revitalização irá incluir a parte elétrica, hidráulica, iluminação e algumas intervenções como na estrutura do Teatro. Haverá ainda a mudança de equipamentos e estrutura das salas multiuso, que recebe as aulas de dança, teatro e música, assim como mudanças nas galerias.
A obra tão esperada pelo setor cultural tem entre seus principais objetivos “valorizar a classe artística”, oferecendo novamente um espaço de “acolhimento”, criação e exposição dos espetáculos e atividades do setor. O teatro já está fechado desde 2016, o que deixa um vazio na classe, já que o local foi rota nacional de espetáculos.
O local dispõe da Sala de Convenções Rubens Corrêa, Galeria de Exposições Wega Nery, Ateliê de Artes, Sala de Ensaios Conceição Ferreira, Sala de Música, Sala Central e Teatro Aracy Balabanian. A expectativa é fomentar e ampliar as oficinas de dança, música, teatro, artes plásticas e capoeira, além de espetáculos e exposições.
Localizado na Rua 26 de Agosto, o Centro Cultural está no terreno onde funcionou a antiga usina elétrica de Campo Grande em 1919 e depois na década de 60 o Fórum da Comarca de Campo Grande. Em 11 de outubro de 1984 foi fundamento o espaço cultural pelo governo do Estado.
Texto: Gisele Colombo