O pomar urbano de guavira faz parte das atividades do Sarau no Parque. O plantio tem o objetivo de compensar a emissão de carbono produzido ao longo dos seis meses de projeto
O Parque das Nações Indígenas foi escolhido para acolher o primeiro pomar urbano de guavira do País. O plantio das mudas nativas do bioma Cerrado será feito amanhã (20), às 16h, em uma área próxima ao Parque do Prosa. Data escolhida em razão do mau tempo, no fim de semana, que fez com que o plantio tivesse de ser remarcado.
A iniciativa é fruto de uma parceria do governo do Estado, por meio da Secic e Agraer – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, com a BR Gardens – empresa graduada na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) através da Agência de Inovação e Empreendedorismo (S-Inova).
Ao todo, serão 50 mudas de guavira que serão plantadas. Ela que é considerada fruto símbolo do Mato Grosso do Sul, através da lei 5.082, sancionada pelo governador Reinaldo Azambuja no ano de 2017.
Jequitibá, ipê, castanheira, jacarandá, urucum e tarumã também serão outros exemplares de espécies que irão compor o pomar.
“O plantio integra as atividades do Sarau no Parque, com o objetivo de compensar a emissão de carbono produzido ao longo do projeto. Com este plantio, o festival totaliza o plantio de 101 mudas. A primeira leva foi plantada no Bosque Camburé, no bairro União, e a outra foi plantada no distrito de Anhanduí. A ideia do Sarau é justamente promover a cultura e a cidadania de forma simultânea e sensibilizando o público para temas que extrapolam a arte”, explica o secretário de Estado de Cidadania e Cultura, Eduardo Romero.
“Implementar um pomar de guavira é uma maneira de preservar a espécie e resgatar a tradição da colheita da fruta em nosso Mato Grosso do Sul, que com o aumento de pastagens e da agricultura perdeu-se um pouco do espaço”, destacou a bióloga e organizadora do plantio, Ariadne Gonçalves, que aprova a iniciativa do Sarau no Parque. “É um festival que reúne pessoas de todas as idades, daí a ideia de agregar pessoas que fizeram parte do evento para também pensar na questão da compensação ambiental é algo muito importante”.
Pomar de guavira
No local serão plantadas 50 mudas (medindo de 20 cm de altura) de guavira (Campomanesia spp) em um espaço de 4,9 mil metros quadrados. “A espécie tem um crescimento lento e leva em torno de cinco anos para dar frutos, chegando a uma altura máxima de três metros. Meu sonho é ver os pés florescerem e toda a população ter acesso aos frutos tão típicos do Estado , assim como na minha infância”, explica a bióloga, com mestrado em Biotecnologia e doutora em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB que destaca a importância das parcerias, “As mudas de guavira foram cedidas pela Agraer e a minha instituição ficou responsável pelo repasse das outras espécies”.
Nativa do cerrado, a planta carrega em seu DNA a origem histórico-cultural indígena. A guavira também conhecida como guabiroba é um fruto com nome indígena de origem Guarani, que significa “árvore de casca amarga”. Definição que ao que tudo indica vem pelo costume dos índios de a usarem para fins medicinais.
Com sabor adocicado, o fruto é muito utilizado na produção de doces, picolés, cachaça, além de servir de alimento para os animais da fauna silvestre. A época de maturação da fruta ocorre nos meses de novembro e dezembro. A parceria surgiu como forma de neutralizar o carbono liberado na realização do Festival Sarau no Parque, realizado durante todo o semestre pela Secretaria de Estado de Cidadania e Cultura do Estado.
Guavira e ciência
Com alto potencial nutritivo e farmacológico, forte influência na cultura regional, a guavira há 15 anos vem sendo estudada cientificamente pela Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) através da engenheira agrônoma, Ana Ajalla, que tem se debruçado no assunto através de experimentos.
As pesquisas acontecem dentro do Cepaer – Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer, que fica na saída para Rochedo. O trabalho tem por objetivo preservar a espécie e fomentar o cultivo da planta dentro da agricultura familiar sul-mato-grossense. E, os experimentos já têm proporcionado descobertas. Uma delas é que as sementes da guavira não devem passar por secagem, caso contrário, o insucesso é garantido. Outro ponto é a questão das mudas, as mesmas devem permanecer de 11 a 12 meses no viveiro para só depois ganhar o campo.
Atualmente, sabe-se que um único fruto pode conter até 20 vezes mais vitamina C do que a laranja. A guavira também oferece o magnésio, ótimo para digestão, o fósforo e o cálcio que deixam os dentes e ossos fortes e o potássio, indicado para os atletas e amantes de atividades físicas, por fortalecer os músculos.
Serviço
Primeiro pomar urbano de guavira do Brasil – Ação Sarau no Parque
Data: terça-feira (20 de dezembro)
Horário: às 16h
Local: Parque das Nações Indígenas – Campo Grande
Texto: Comunicação Sarau