No último dia de março, mês símbolo de luta pelo Dia Internacional da Mulher, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul abriu o Imol (Instituto Médico-Odontológico Legal) na Casa da Mulher Brasileira e entregou a nova casa do Ceam (Centro Especializado de Atendimento à Mulher) Cuña M’baretê.
As duas conquistas para as mulheres sul-mato-grossenses foram apresentadas à população junto com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Na Casa da Mulher Brasileira, Cida relembrou a própria trajetória profissional, de quem lutou nos movimentos sociais e também nos espaços públicos para que a Casa abrisse as portas em Campo Grande. “Ela é uma casa que responde às maiores necessidades das mulheres e ela é construída pelos profissionais, por cada um que está aqui atendendo”, destacou.
Segundo a ministra, Campo Grande segue sendo referência de eficácia não só por ter sido a primeira Casa da Mulher Brasileira no País, mas pela capacidade da equipe em responder às demandas das mulheres.
“Quando a casa foi pensada, nós consideramos que ela tinha que quebrar a rota crítica da vida das mulheres, para isso que ela foi construída, pensada e projetada. Para que a mulher chegasse aqui e não precisasse ir para nenhum outro lugar, porque todos os serviços estariam a sua disposição”, recorda.
Foram os anos de pesquisa, trabalho e luta que fizeram a hoje ministra ser categórica em afirmar a necessidade de concentrar todos os serviços em um só lugar. “Neste caminho, de sair de um serviço e ir para outro, as mulheres são assassinadas. Porque elas não voltam para a delegacia, elas não vão na defensoria, elas não vão voltar em nenhum outro lugar, elas vão pra casa e vão morrer”.
Hoje, com o Imol funcionando dentro da Casa da Mulher Brasileira, a ministra ressalta que agora está sendo prestado um atendimento humanizado e integrado com as diversas composições e com todos os serviços à disposição da mulher.
“Parabéns à equipe, não é fácil, mas nós precisamos continuar. Nós precisamos continuar. Porque se nós não continuarmos vai aumentar o número de feminicídios. Em 2021, a gente tinha uma mulher morta a cada sete horas, em 2022, é uma mulher numa tacada de seis horas. Nós vamos ter que ter uma luta para diminuir isso em 2023”, enfatiza.
Para a subsecretária de Políticas Públicas para a Mulher, Cristiane Sant’anna, com a entrega da sala do Imol na Casa da Mulher Brasileira é dado um avanço na efetivação de políticas públicas.
“O enfrentamento à violência contra as mulheres é um trabalho árduo, que requer dedicação e comprometimento. O Governo do Estado está à disposição para este trabalho transversal e que essas entregas sejam cada vez melhores para as mulheres do Estado”, frisou.
O coordenador geral de perícias, José de Anchieta Souza e Silva, endossa a fala da ministra ao dizer que a distância entre a Casa da Mulher Brasileira e o Instituto fazia com que as vítimas desistissem.
“A gente perdia muito dessas vítimas, então agora com a presença dos nossos servidores 24h por dia aqui dentro, vai facilitar muito a vida delas. Toda a coordenadoria geral de perícias se coloca à disposição com muita honra pra trabalhar por essa causa”, declarou Anchieta.
Ceam
O novo Ceam que foi entregue na sexta-feira (31), está localizado na Rua Piratininga, região central da cidade. Um endereço com salas mais amplas e um espaço acolhedor para receber todas as mulheres de Mato Grosso do Sul. Mais do que um prédio novo, o Ceam representa um passo importante na luta contra a violência.
“O Ceam hoje está de casa nova, é um espaço acolhedor com mais salas, num local de mais fácil acesso e junto com o Imol na Casa da Mulher Brasileira, nos faz ver a importância de ter neste exato momento essa continuidade do enfrentamento à violência”, destaca a secretaria adjunta da Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), Viviane Luiza.
Segundo dados trazidos pela comandante geral em exercício da Polícia Militar, coronel Neidy Nunes Barbosa Centurião, o 190 recebe mais de 2 mil chamadas por dia, e só no ano passado foram mais de 3 mil mulheres atendidas vítimas de violência doméstica.
No Ceam, são atendidas, em média 28 mulheres por dia, encaminhadas pela Casa da Mulher Brasileira ou outros organismos de políticas para as mulheres. No Centro, a mulher encontra acolhimento, escuta e acompanhamento psicoterapêutico.
“Nosso papel de psicólogos é atender e fazer esta escuta. Não é rápido, porque é um processo encontro de uma autoestima que aquela mulher já perdeu. Nós trabalhamos para dar um suporte emocional, psíquico para que esta mulher consiga caminhar num processo de auto identidade”, explica uma psicólogas do Ceam, Eliza Martins Palhano.
Além de salas amplas de atendimento de psicólogas e assistentes sociais, o novo Ceam conta com brinquedoteca e uma área de bazar, onde as mulheres podem pegar roupas e sapatos tanto para si quanto para os filhos.
“Esse bazar que foi criado porque muitas vezes as mulheres chegam sem ter uma roupa, sem sapatos, porque elas saem fugidas. A sensação que a gente tem é de uma felicidade muito grande de poder oferecer a elas esse reconhecimento, esse aconchego aqui”, fala a arte-educadora Lucimar Carrilho Arantes.