Com o objetivo de destacar o papel dos museus na promoção da inclusão social e da diversidade, teve inicio na noite de segunda-feira (18), a 17ª Primavera dos Museus que tem como tema esse ano Memórias e democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas.
O evento de iniciativa do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) e do Sistema Estadual de Museus, ligado a Fundação Estadual de Cultura, realizará ações simultâneas pelos museus instalados em Mato Grosso do Sul, com atividades virtuais e presenciais, com manifestações culturais em Campo Grande, Corumbá e Costa Rica.
No contexto da promoção da cultura e da preservação do patrimônio histórico, o diretor-presidente da Fundação Estadual de Cultura e Secretário da Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), Marcelo Miranda, citou que a cultura de Mato Grosso do Sul, está em um momento importante.
“O setor cultural do Estado está passando por uma fase de construção conjunta com a realização das conferências municipais a preparação para a conferência estadual, juntamente com a revisão do Plano Estadual de Cultura. E ação ação a nível nacional, que é a 17ª Primavera dos Museus, convoca as instituições culturais para contribuírem na construção de uma sociedade mais justa, dialogando com a população e preservando a cultura”, explica o secretário.
A Semana Nacional de Museus, acontece em maio, na semana alusiva ao dia dos museus, dia 18 de maio. E a Primavera dos Museus, acontece sempre no início da segunda quinzena do mês de setembro, que marca a estação florida, a primavera. Pensar na diversidade dentro de museus é importante, a fim de garantir a permanência da cultura desses povos e grupos.
Inclusão e História
Enfrentado discriminação, marginalização e perseguição as memórias coletivas das pessoas LGBTQIA+ abrangem um movimento que sempre necessitou de protestos e manifestações na luta por igualdade de direitos.
A democracia desempenha um papel importante ao garantir que o direito das pessoas LGBTQIA+ sejam protegidos e respeitados por meio da participação política e com o envolvimento em instituições democráticas. A comunidade LGBTQIA+ luta por mudanças sociais que reconheçam plenamente seus direitos e liberdades.
Para o Subsecretário de Políticas Públicas LGBTQIA +, Wagner Campos, a invisibilidade não deve ser o que identifica a comunidade LGBTQIA +. Para garantir a cidadania, a cultura e expressões artísticas dessa população devem estar presentes em museus e em todos os espaços.
“Eu vou no museu, e que expressão da população LGBTQIA + nós temos?. O movimento LGBTQIA+ começou no Mato Grosso do Sul, assim éramos todos invisíveis e militamos em vários segmentos. Ser visível é fundamental, porque a visibilidade para política pública é importante, ninguém traça política se não tiver dados e números. A população LGBTQIA+ é forte na questão cultural, por isso precisamos de registro de dados e elaboração de políticas públicas mais eficientes e que impacte diretamente na vida das pessoas”, comenta.
Segundo a Subsecretária de Políticas Públicas para a Igualdade Racial, Vânia Lúcia, os remanescentes quilombolas, povos que resistiram a escravidão, e que tem a história formada no processo da escravatura, devem ser mencionados para além desse período.
“Nós temos uma história após a libertação da escravatura no Brasil, cadê essa história? ela continua na invisibilidade. Nós temos alguns museus que trás muito da questão do negro escravizado, mas e o pós escravidão, essa população continua com diversas contribuições na sociedade brasileira e Sul-Mato-Grossense. Por esse motivo, precisamos lutar para ter museus que tratam da história dos quilombos, o quilombo é um museu e as pessoas que ali estão, fazem parte desse museu e dessa história viva”, enfatiza.
As memórias dos povos indígenas são essenciais para preservar suas culturas e conhecimentos ancestrais de suas comunidades. Enfrentaram séculos de colonialismo, exploração e opressão que causaram a perda de suas terras, a destruição de tradições e a negação dos seus direitos fundamentais. A democracia implica o respeito aos seus direitos e autonomia.
Conforme declarado pelo professor, Rosaldo de Albuquerque Souza, indígena Kinikinau, cada um de nós somos um pouquinho de museu, aquilo que nós aprendemos desde de criancinhas é o que forma quem somos. Ele também falou sobre a invisibilidade em torno dos povos indígenas.
“A invisibilidade atinge o povo indígena até hoje, na minha dissertação de mestrado, eu queria fazer algo voltado ao meu povo, e aí eu fui pesquisar a história do povo Kinikinau, não encontrava ninguém que tinha escrito sobre a história e realidade de como é viver nas comunidades indígenas, eu fui buscar algum material, mas não encontrei nada, nenhum registro. Então eu decidi produzir dois livros Kinikinau um e dois, dessa forma podendo contribuir um pouco para a história dos povos Kinikinau”, salienta.
Por meio dos livros e documentários também é possível contribuir e eternizar a história de um povo, Rosaldo sentiu a necessidade de quebrar a invisibilidade que continua a afetar o povo indígena, especialmente os Kinikinau, que até o momento não possui um território no Mato Grosso do Sul.
Fotos e texto: Bel Manvailer, Setescc