O aumento dos casos de suicídio no estado de Mato Grosso do Sul, são um alerta para chamar atenção das políticas públicas voltadas ao tema. Em 2022, Mato Grosso do Sul, registrou 211 casos, 91 adultos, 80 jovens, 22 idosos e 20 adolescentes e 10 sem informação de idade, que decidiam tirar a própria vida.
Na última segunda-feira, (04) a Assembleia Legislativa, por meio da deputada Mara Caseiro, autora da lei 4.777/2015 que instituiu o Setembro Amarelo de Prevenção ao Suicídio no Estado de Mato Grosso do Sul, promoveu a palestra de conscientização com o tema: “Suicídio e seus paradigmas atuais: Conhecer para prevenir”. A ação é para prevenção e conscientização a respeito do tema.
Neste ano, conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), já aconteceram 127 suicídios. A maioria desses casos são de homens, 85, sendo 22 de mulheres e 20 que não tiveram o gênero identificado.
Dos adultos foram 54 esse tipo de ocorrência, enquanto 23 foram de jovens e 13 de idosos. Sete adolescentes e 20 sem idade informada. Esses números não são apenas estatísticas, são famílias e comunidades que sofrem.
Na abertura, a deputada Mara Caseiro, relatou que os casos de suicídio vem aumentando no Mato Grosso do Sul e que a conscientização é a primeira etapa para desafiar os estigmas que envolvem os problemas de saúde mental.
“Devemos criar um ambiente em que as pessoas se sintam à vontade para buscar ajuda, sem medo de julgamento. Precisamos também buscar investimento em programas educacionais. Que exibem sinais de alerta, que promovam a resiliência emocional e ofereçam recursos de acolhimento. Além disso, é necessário que os serviços de saúde mental sejam acessíveis a todos, independentemente de sua localização ou situação financeira”, destaca.
O palestrante do dia, psicólogo Edilson dos Reis, relata que a faixa etária que tem sido vítima são crianças de 5 a 8 anos de idade. Edilson dos Reis, também é especialista em Gerenciamento de Crise no Manejo Suicida, especialista em Negociação Policial Bope e pós-graduação em Saúde Mental.
“O comportamento suicida está frequentemente associado a doenças mentais, 90% dos casos são casos de doença mental. Se tem um quadro de doença mental, pode ser evitado com o diagnóstico e o tratamento, porém, de 10 pessoas que cometem o suicídio, 7 interromperam o tratamento. A faixa etária que mais comete são idosos, a partir dos 65 anos de idade. No entanto o que mais chama atenção é que a segunda causa de morte no mundo entre jovens de 14 a 20 anos de idade”, evidencia.
Jovens e Indígenas estão entre as estatísticas
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é o equilíbrio do bem-estar físico, mental e social de qualquer cidadão. Um tema que traz preocupação especialmente entre o público mais jovem, é o suicídio entre os povos indígenas. Por isso é necessário investimentos e mais atenção à saúde mental desta população. Segundo os índices do relatório de violência contra os povos indígenas em 2021 há registros que 148 indígenas foram vítimas no país.
Para o Subsecretário de Políticas Públicas para os Povos Originários, a saúde indígena precisa de um olhar especial, levando em conta os índices de suicídio é preciso ponderar todos os aspectos condicionantes da saúde.
“Além da implementação de uma equipe de saúde mental nas comunidades, é necessário também disponibilizar a esse grupo boas políticas sociais. Boa parte das pessoas que são vítimas de suicídio, vai além do problema mental, envolve aspectos de políticas sociais desse público jovem. Que deve estar inserido dentro de escolas, ter acesso ao trabalho, lazer, esporte, cultura, habitação, para que desta forma melhore este indicador”, salienta.
Para o Subsecretário de Políticas Públicas para a Juventude, Juan de Paula Nazareth, falar de suicídio entre a juventude é um assunto muito importante.
“O suicídio é a quarta causa de morte que mais ocorre com os nossos jovens, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. São taxas que vêm aumentando de forma impressionante, nos últimos anos a taxa de mortalidade entre adolescentes de 15 a 19 anos do período de 2016 a 2022 teve um aumento de 49,3% e quando a gente fala de adolescentes entre 10 a 14 anos também houve aumento de 45%. São dados alarmantes que fazem com que nós que trabalhamos com políticas públicas precisamos estar desenvolvendo uma ação um projeto que possa impactar diretamente a respeito desse tipo de prevenção”, enfatiza.
Bel Manvailer, Setescc