No hall de entrada de um dos pontos mais movimentados do Centro de Campo Grande, painéis de fotos são um convite à reflexão diante das cicatrizes que os pequenos animais carregam pelo corpo. Marcas de histórias tristes que chocam e também conscientizam quanto ao crime de maus-tratos.
Do dia 16 até 21 de outubro, a exposição “Sinta na Pele”, no Pátio Central Shopping, reúne cenas de animais vítimas do abandono e do descaso de humanos, mas que foram resgatados graças às denúncias.
A iniciativa é do protetor independente Bruno Nóbrega, e tem o apoio da Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista).
Assessor especial da Assessoria de Defesa e Proteção da Vida Animal, pasta ligada à Setescc, Carlos Eduardo Rodrigues, ressalta que trazer as fotos para o alcance do olhar da população aproxima a sociedade da realidade vivida por quem está no enfrentamento contra os maus-tratos.
“Viemos não só mostrar para as pessoas que existe o crime de maus-tratos, mas também pedir para que elas se conscientizem e possam ser os nossos olhares nos bairros e nas ruas, para avançarmos cada vez mais na luta, e salvar a vida destes animais”, clama o assessor.
Carlos Eduardo tem nos braços um exemplo de resgate de vítima de maus-tratos, o Makito, mascote da Assessoria Vida Animal, que foi encontrado ferido depois de levar um “banho” de óleo quente de motor de carro.
“Makito teve a chance, porque estávamos passando pela rua bem na hora, mas e quantos não falecem? Por isso, trabalhamos não só no apoio de eventos como estes de conscientização, como também na criação do Programa MS Vida Animal, que tem como um dos eixos o combate aos maus-tratos”, pontua.
Além de conferir a exposição, o público recebe informações sobre adoção de animais e ainda tem a chance de contribuir com um projeto social, o Adoce a Vida de um Pet, que empreende em prol de animais vítimas de maus-tratos.
“Estamos fazendo a conscientização das pessoas, e mostrar que cabe a nós, população, fazermos o mínimo para tentar mudar isso. A adoção é a melhor forma, você não pagar para ter animal, porque tem tantos outros bichinhos que estão na rua, e precisam de um lar”, fala um dos colaboradores do projeto, Vitor Cristiano de Oliveira.
Durante os dias da exposição, foi ele quem notou a reação das pessoas e o quanto as imagens mexeram com as emoções. “Elas passam e ficam bem comovidas. Algumas chegam a chorar, a gente nota isso”, conta.
Crime de maus-tratos
Titular da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), Bruno Urban, explica que maus-tratos podem ser caracterizados como qualquer ato, direto ou indireto, comissivo ou omissivo, que intencionalmente ou por negligência, imperícia ou imprudência, provoque dor ou sofrimento desnecessários aos animais.
“A pena para quem for preso em flagrante ou responder ao processo criminal vai de dois a cinco anos de pena. O que isso significa? Que não é permitido o arbitramento de fiança por parte do delegado de polícia. Quando autuado em flagrante, somente é liberado após decisão judicial”, ressalta.
Sobre a exposição, o delegado reforça a importância de conscientizar toda a sociedade na luta contra os maus-tratos aos animais. Ainda conforme o titular da Decat, as denúncias podem ser feitas pelos canais oficiais da Delegacia, pelo telefone 3325-2567, no Instagram, bem como pessoalmente na Rua 7 de setembro, 2421. “Nós garantimos o anonimato da pessoa. A denúncia será averiguada e caso proceda, será apurada através de inquérito policial”, finaliza Urban.
Paula Maciulevicius, da Setescc