Campo Grande (MS) – Neste sábado (25.07) comemora-se no Brasil o Dia da Mulher Negra. A data foi estabelecida (Lei 12.987, de 2014) para coincidir com o Dia Internacional de Luta da Mulher Negra da América Latina e do Caribe. No Mato Grosso do Sul o dia Estadual das Mulheres Negras foi instituído pela Lei nº 5.254, de 17 de setembro de 2018.
Para a Subsecretária Estadual de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Ana José Alves, ainda há pouco o que se comemorar. “Infelizmente ainda que pese, encontramos na invisibilidade e na base da pirâmide socioeconômica, enfrentamos muitas dificuldades no cotidiano simplesmente pelo fato de sermos mulheres negras. Acredito que o dia de hoje é para reflexão de tudo o que passamos, dos nossos avanços e até mesmo dos retrocessos”, assegura.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representam 55% da população feminina brasileira. E pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que as mulheres pretas e pardas são 66% das vítimas de homicídio do país. Estudo do Fórum mostra ainda que a taxa de homicídios de mulheres negras cresceu 30% entre 2007 e 2017, índice mais de seis vezes superior ao registrado entre mulheres brancas.
Já uma pesquisa do IBGE sobre desigualdades econômicas no país indica que mulheres pretas e pardas têm rendimentos equivalentes, em média, a 59% dos rendimentos das mulheres brancas. Já a razão entre os rendimentos de mulheres negras e de homens brancos é a mais desigual registrada na pesquisa: menos de 45%.
“Nós passamos por essa diferença de tratamento diariamente. Eu posso ter um currículo muito bom, mas quando procuro uma vaga de emprego, a preferência é sempre para a mulher branca que talvez não tenha as qualificações que eu tenho. É muito triste nos dias de hoje encaramos essas desigualdades”, explica a professora de história Vitória Catharina Gomes Moraes.
A luta das mulheres negras para tornarem-se protagonistas da propria história e de decisão na sociedade perpetua há séculos as perversidades do racismo, com ações afirmativas e políticas públicas é possivel ocorrer as mudanças. O que sabemos que está longe de refletir nos números de representatividade. Mas de acordo com Vera Lúcia Rodrigues dos Santos, mulher negra, quilombola e Vice-presidente da Associação de Moradores de Furnas do Dionísio, é muito importante participar da comunidade, da escola, de tudo para alcançar mudanças. “Eu como mulher negra e quilombola sei da importância da minha representatividade lá na minha comunidade. Eu sempre falo que a mulher tem uma visão diferenciada. Nós temos que participar desde a associação, até a escola, mostrando que somos capazes. Nós mulheres negras temos que estar sempre estudando, nos aperfeiçoando para buscarmos nosso lugar de direito e podemos chegar aonde quiser, lógico que para nos negras é mais difícil, mas não impossível”.